O governador Ronaldo Caiado foi ao Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (30/10), para debater sobre segurança pública com governadores de outros estados. O encontro de governadores foi realizado após megaoperação contra o Comando Vermelho, deflagrada na última terça-feira (28/10) nos complexos da Penha e do Alemão.
“Segurança pública é governabilidade. Ela irradia em todas as outras áreas, é o marco principal”, enfatizou o líder goiano após reunião com o governador fluminense, Cláudio Castro, e de outros estados.
No encontro, o grupo anunciou o “Consórcio da Paz”, que vai integrar forças de segurança e serviços de inteligência no combate ao crime organizado.
Caiado foi recebido por Castro no Palácio Guanabara, ocasião em que dialogaram sobre os desdobramentos da megaoperação e a forma como os Estados podem somar forças para frear a atuação de facções criminosas no território nacional.
Também participaram da reunião os governadores Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Mello (Santa Catarina), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Tarcísio de Freitas (São Paulo) via videoconferência, e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão.
O governador goiano referiu-se às facções criminosas como um problema crônico de segurança pública, por isso a importância do trabalho conjunto.
“Temos que desnudar a tese de que isso aqui tem alguma motivação do ponto de vista político-eleitoral. O que todas as pesquisas no Brasil mostram é que 60% da queixa da população é a violência e, ao mesmo tempo, a corrupção. São os dois pontos que caminham juntos”, denunciou.
“Então, estamos aqui movidos pelo sentimento da população. É isso que o povo pede de nós”, completou.
O goiano denunciou a inércia do governo federal diante do problema e lamentou a forma como essa omissão tem afetado a vida da população brasileira.
“[O que o Comando Vermelho tem feito] não é crime comum, é terrorismo”, frisou.
Caiado disse ainda que, ao invés de oferecer suporte no combate ao crime, a União tem tentado reduzir a autonomia dos Estados a partir da PEC da Segurança, com a proposta de concentrar ainda mais o poder em Brasília.
Combate ao crime
No encontro com governadores, Caiado afirmou que a segurança pública deve ser encarada como prioridade máxima por todos os líderes de Estado.
O líder goiano apresentou estatísticas de Goiás que mostram como o combate ao crime organizado eleva a sensação de segurança da população e dá ao Estado a condição de prosperar em todas as outras áreas, como economia, educação e social.
Caiado falou dos investimentos em formação, inteligência e integração das polícias. E que, desde 2019, todos os índices de criminalidade têm apresentado declínio contínuo.
“Nunca mais tivemos um sequestro, um novo cangaço”, citou.
Caiado também sugeriu aos colegas governadores que concentrem esforços no domínio do sistema prisional.
“No momento que tive o controle total das penitenciárias, onde o faccionado não tem nem visita íntima, a criminalidade em Goiás despencou. Essa é a realidade”, testemunhou.
Para ele, a atuação do Estado derrubou a tese de que “presídio é escritório do crime”.
Consórcio da paz
Após a reunião, os governadores anunciaram, em entrevista coletiva, o “Consórcio da Paz”.
“Faremos um consórcio entre os estados, no modelo em que outros já existem, para que possamos dividir a experiência e ações de combate ao crime organizado e a libertação do nosso povo, para que a gente possa compartilhar ajuda, discutir estratégias. Somar ajudas práticas”, resumiu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
O governador fluminense ainda agradeceu o apoio dos líderes de outros Estados e o compartilhar do mesmo ideal, que é garantir a segurança das pessoas.
“Foi muito bonito ouvir da fala dos governadores, ver a preocupação deles com o cidadão que sai para trabalhar às 5 da manhã, que fica querendo garantir a segurança da sua esposa, do seu filho, daquela mãe”, exemplificou.
Para Caiado, o Consórcio da Paz terá como objetivo prático “fazer com que todas as nossas forças, integradas, com base na inteligência e na parte operacional, possam ser utilizadas para atender qualquer um dos governadores, num momento emergencial”, concluiu.
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