“Até o Brasil está no radar do míssil israelense Jericho 3” — esta afirmação, que parece extraída de um thriller geopolítico, reflete uma realidade estratégica documentada em relatórios militares globais. Com um alcance operacional entre 4.800 km e 6.500 km 19, o Jericho III (designado YA-4) é a espinha dorsal da dissuasão nuclear israelense e uma das armas mais avançadas do Oriente Médio. Desenvolvido para substituir o modelo Jericho II, este míssil balístico de propelente sólido entrou em serviço em 2011 após testes iniciados em 2008 12.
Características Técnicas: A Engenharia de um Gigante Nuclear
- Design e Propulsão: Com 15,5–16 m de comprimento, 1,56 m de diâmetro e peso de 29.000 kg no lançamento, o míssil Jericho 3 utiliza três estágios de propelente sólido 14. Essa arquitetura permite lançamentos rápidos, sem a demora de abastecimento de combustíveis líquidos.
- Capacidade Nuclear: Transporta uma ogiva única de 750 kg, com potência estimada entre 150–400 quilotons (10–26 vezes a bomba de Hiroshima). Relatórios sugerem capacidade MIRV para múltiplos alvos, usando guiamento inercial independente de GPS 14.
- Mobilidade Estratégica: Pode ser lançado de silos subterrâneos, vagões ferroviários ou veículos TEL (Transporter-Erector-Launcher), garantindo sobrevivência a ataques preventivos 12.
Alcance Geopolítico: Do Irã ao Brasil
O Jericho 3 alcance máximo (6.500 km) cria um “círculo de dissuasão” que abrange:
- Oriente Médio: Todo o Irã, Arábia Saudita e Paquistão.
- Europa Ocidental: Capitais como Paris e Berlim.
- África: Regiões ao norte do Congo.
- Américas: Partes do Nordeste brasileiro e costa leste dos EUA 415.
Mapa Mental do Alcance:
|── Oriente Médio (100% coberto)
|── Europa (≥ 80% do território)
|── Ásia Central (Rússia até os Urais)
|── África (Norte e Subsaariana ocidental)
└── Américas (NE do Brasil, Caribe, América do Norte)
Contexto Histórico: Da Guerra do Yom Kippur às Ameaças Atuais
A família Jericho nasceu nos anos 1960 com colaboração franco-israelense (Jericho I), mas ganhou urgência estratégica durante a Guerra do Yom Kippur (1973), quando Israel quase implantou mísseis nucleares Jericho I contra Egito e Síria 2. O Jericho III é a resposta contemporânea a ameaças como:
- Programas balísticos do Irã (Shahab-3, Khorramshahr).
- Riscos de ataques de grupos como o Hezbollah.
- Necessidade de uma “segunda chance” nuclear após um primeiro ataque.
Por Que o Brasil Está no Raio de Ação?
Embora Israel não tenha o Brasil como alvo, o alcance técnico do míssil Jericho III inclui o território brasileiro devido a:
- Geometria Orbital: Trajetórias de teste sobre o Mediterrâneo atingem distâncias equivalentes ao Atlântico Sul.
- Demonstração de Força: Capacidade simbólica de projeção global.
- Contingência: Em cenários de conflito total, bases aliadas na América do Sul poderiam ser alvos hipotéticos 15.
Dados Não Divulgados e Atualizações
- Jericho 3A: Testes em 2013 e 2019 sugerem uma variante com novo motor e maior precisão 14.
- Armazenamento: Os misseis Jericho III são guardados em cavernas subterrâneas em Zacharia, a sudoeste de Tel Aviv, em instalações à prova de ataques 12.
- Status Nuclear: Israel mantém política de ambiguidade nuclear, mas especialistas estimam 50 ogivas compatíveis com o sistema 4.
Conclusão: O Peso Estratégico de um Titã Silencioso
O Jericho III não é apenas um míssil balístico—é um instrumento de sobrevivência nacional para Israel. Seu alcance transcontinental redefine equilíbrios de poder, e sua existência serve como um lembrete austero: em um mundo multipolar, até nações menores podem projetar força a distâncias continentais. Para o Brasil, estar no raio de ação é um acidente geográfico, mas para o Irã, é uma realidade estratégica diária.
Fontes: CSIS Missile Threat Project 1, Arms Control Association 9, Análises do El Español 4, Wikipedia (versões em inglês/espanhol) 213.